segunda-feira, 21 de março de 2011

 


Historial do Rancho das Cantarinhas

Membro Honorário da Ordem da Benemerência.
- Sócio fundador da Federação de Folclore Português.
- Medalha de Prata Dourada da Câmara Municipal da Figueira da Foz.
- Faz parte integrante da Secção de Folclore do Grupo Caras Direitas.

 O Rancho das Cantarinhas de Buarcos representa a reminiscência das “MAIAS”. A tradição na vila piscatória de Buarcos constava na ida das raparigas a fonte na madrugada do dia l.° de Maio com as cantarinhas a cabeça, enfeitadas com flores, vestindo os seus trajes domingueiros, cantando e dançando nas ruas com os seus namorados.
A sua principal característica reside no facto das raparigas dançarem com cantarinhas de barro que transportam à cabeça e cujo peso varia entre os 14 e os 18 quilos, sendo necessárias largas dezenas de horas de dedicação para as conseguirem equilibrar em movimento.
Grupo constituído por cerca de 42 elementos: dançarinos, músicos, cantores e pessoal de apoio.

O seu repertório é composto por músicas vincadamente populares da região da beira-mar e outras por recolha efectuada a pessoas idosas naturais de Buarcos.
Além de milhares de exibições em todo o território nacional contam ainda no seu historial muitas centenas de exibições efectuadas nos seguintes países:
Alemanha, Andorra, Bélgica, Brasil, Dinamarca, Espanha, Estados Unidos da América, França, Holanda, Hungria, Inglaterra, Itália, Jugoslávia, Luxemburgo, Mónaco, Suécia, Suíça.

Cantando e dançando espalharemos por toda a parte:
“FOLCLORE, PAZ E AMIZADE” entre os Povos.


quinta-feira, 17 de março de 2011

Origens

ouve épocas em que, com certa naturalidade, se formavam vários ranchos que disputavam a simpatia do povo. Daí a se criarem rivalidades, rixas e até zaragatas entre componentes e simpatizantes desses grupos rivais. Dos ranchos que deixaram nome através de gerações e que, entre as gentes de Buarcos ainda hoje se houve falar, são: o Rancho dos Filipes e o Rancho dos Palecos - os mais importantes quer pela sua forma vigorosa de dançar, quer pelas brigas que ambos travavam. Com o decorrer dos anos os vários grupos foram-se extinguindo perdurando até hoje o Rancho das Cantarinhas, cujo próprio nome deduz a utilização de cantarinhas e no caso deste grupo de renome internacional, caracterizado pelo facto das raparigas dançarem com as mesmas à cabeça.
Este costume, manteve-se desde a época que não havia água canalizada em casa, cabendo às mulheres a tarefa de se munirem de canecos, potes ou cântaras (cantarinhas) que transportavam na cabeça para irem aos fontanários públicos abastecerem-se do precioso líquido. Reza a tradição que em dias especiais (domingos, feriados, dias festivos) as raparigas se agrupavam para irem à fonte e no regresso seguiam em forma de marcha, ensaiada previamente segundo a imaginação de um componente mais habilidoso. Eis que uma ou outra rapariga quer pelo entusiasmo da dança, quer para se destacar de entre as suas rivais, decidiu não tirar a cantarinha da cabeça, fazendo prodígios de equilíbrio mesmo com a água que transportavam. Muitas outras seguiram a sua façanha.






 



Acerca dos trajes
Os trajes que os componentes do R. C. actualmente utilizam, remontam a meados do século XIX. Nesta foto tirada no Jardim da Sereia em Coimbra num desfile etnográfico sobre Trajes da Região Centro (1980), à excepção de pequenas peças os trajes eram quase centenários (tinham pelo menos 90 anos).Porém, desde a formação do grupo (período próximo que antecedeu o ano de 1907) até 1959 os trajes tiveram um aspecto mais próprio do início do século XX, mas para dar legitimidade ao grupo estes foram postos de parte.

 
As Saias

  As saias das raparigas apresentam o bordo lateral levantado, subido e preso ao nível da cintura, ficando neste lado virado do avesso. Isto simboliza o momento em que na pesca artesanal, a Arte Xávega, as mulheres durante o momento em que ajudavam a puxar as redes, tinham necessidade de se deslocarem na areia sem atropelos. Para isso levantavam “um pouco” as saias prendendo-as à cintura.
 
Cachiné
O cachiné ou caxiné (lê-se cach'né) é o lenço que as raparigas usam sobre a cabeça, que de certo modo protege os cabelos do contacto da rodilha que suporta a cantarinha. Na realidade, além de que na actualidade ainda é uma peça do guarda-roupa feminino, nas origens da sua utilização, servia para resguardo do vento e do sol.

 
Foquim
O adereço masculino "foquim" que actualmente os dançarinos transportam, são de tamanho reduzido para cerca de 1/3 do tamanho original. Este recipiente, feito em madeira para resistir à água salgada, destinava-se ao transporte das refeições dos pescadores quando partiam para a pesca.A origem da palavra "FOQUIM" remonta ao séc. XIX vinda dos pescadores que em veleiros partiam para os mares gelados da Gronelandia em busca de pescado, sobretudo bacalhau. Por razões que têm a ver com as baixas temperaturas e o modo de vida da polpulação local era armazenada em recipientes com forma de pequenas barricas com alça, (tudo em madeira) balha de FOCA para ser utilizada para cozinhar e até para protecção da pele.


As Cantarinhas floridas

Desde sempre, em cada actuação do R. C., as raparigas enfeitavam caprichosamente os seus potes com flores naturais. Foi uma época em que o número de exibições não era muito grande, as flores eram oferecidas ou retiradas de algum jardim ou terreno e tempo livre não faltava. Hoje, por razões óbvias, tudo se modificou.Assim, houve necessidade de economizar tempo e dinheiro e as cantarinhas passaram a ser enfeitadas com flores em papel, material reconhecido para este fim. Plástico é que nem pensar! Durante largos anos foi utilizado este método. Se por um lado deu meios para expandir a criatividade dos componentes, os quais produziam lindíssimos desenhos e conjuntos de vivas cores nos enfeites das cantarinhas, por outro lado afastaram por completo o aspecto original
Eis que em 1989 uma componente (auxiliar) tomou a iniciativa de utilizar um material ainda mais apropriado, o tecido.Devido ao aumento no mercado de flores de tecido, não foi difícil conseguir vários conjuntos de flores para o enfeite das cantarinhas, dando-lhes um aspecto idêntico ao que acontece todos os anos no dia 1º de Maio que, por tradição, se utilizam flores naturais.A ideia foi bem recebida e as cantarinhas retomaram o seu aspecto original.





O Rancho das Cantarinhas de Buarcos é um grupo de folclore reproduzido, tradicional da Beira Litoral que, tal como todos os agrupamentos de danças e cantares que se formaram à beira-mar, possuem características comuns, onde se salienta na coreografia das danças, os "viras de 4".
Por razões que se prendem às origens seculares, este grupo é tradicionalmente composto por pessoas com características dos naturais da região. É também um grupo que se formou baseado em crenças populares e de cariz católico.
Apesar das características atrás referidas, todos os seus componentes respeitam as diferentes convicções políticas, religiosas e os povos de todas as raças - a prova disso revela-se quando nos festivais, encontros ou paradas internacionais de folclore, o RC marca presença junto de todos os grupos estrangeiros participantes, pelo modo como com eles comunica e convive.